Capítulo 1"Luna, o funeral vai começar já, o Sérgio ainda não apareceu?"Luna Fonseca, vestida de preto, ajoelhava-se diante do altar improvisado para a mãe. A luz das velas iluminava seu rosto pálido e delicado.Ela baixou os olhos para o celular quase sem bateria: o telefone de Sérgio Franco continuava sem resposta.Depois da morte da mãe, Luna, grávida de sete meses, velou o corpo por sete dias. Em três anos de casamento, seu marido não apareceu nem uma vez.Sérgio estava sempre muito ocupado com o trabalho, e Luna sempre compreendeu isso.Ela tentava convencer a si mesma de que Sérgio devia estar atolado de serviço."Ele deve estar ocupado, não vai conseguir vir."As lágrimas ainda marcavam o rosto de Luna. Ela esperou até a última vela se consumir completamente, apoiou-se com dificuldade para levantar seu corpo pesado pela gravidez, e disse com a voz já rouca e entrecortada: "Vamos começar o funeral."Ao lado, sua tia, Teresa Correia, comentou de maneira sarcástica: "Luna, será possível que o Diretor Franco esteja tão ocupado assim? Sete dias e nem deu as caras. Parece que ele realmente não se importa com sua mãe."A prima, Gabriela Fonseca, soltou uma risada irônica. "Mãe, você se enganou. O Diretor Franco não é só indiferente com a tia, ele também não liga para a própria esposa, e olha só, nem para o bebê que ela carrega."As vozes repletas de escárnio soavam cortantes. O peito de Luna se apertava de amargura, mas ela ainda tentava se convencer de que, depois do casamento, Sérgio sempre fora um marido correto. Ele não teria evitado vir de propósito, devia estar mesmo preso ao trabalho.Mas, justo quando tentou se convencer disso, a realidade lhe deu um tapa doloroso.Gabriela olhou para o celular e exclamou surpresa: "Olha só, não é o Diretor Franco? Ele está até nos trending topics!"Gabriela fez questão de mostrar o celular para Luna.Luna baixou os olhos: era um vídeo em alta, publicado naquela manhã, gravado na noite anterior.O título dizia: Grupo Franco — Diretor Franco reserva casa de eventos para celebrar aniversário de sua amada Srta. Hana.No vídeo, sob o céu noturno, fogos de artifício brilhavam e explodiam lindamente. O homem, elegante e imponente, sentava-se em uma cadeira, os olhos profundos fitando a jovem ao lado. Ela apontava para os fogos, sorrindo com um brilho ainda mais intenso do que o espetáculo.Os fogos resplandeciam, mas Luna não conseguia desviar o olhar das costas do homem.Era uma silhueta inconfundível: bastou um olhar para perceber que o homem no vídeo era seu marido, Sérgio.Então, na noite anterior, ele estava celebrando o aniversário de outra mulher, com fogos de artifício?A mente de Luna ficou em branco, todo o corpo paralisado.O som dos fogos, misturado ao deboche de Gabriela, continuava: "Prima, você não disse que o seu marido estava ocupado? Ocupado ele estava mesmo, reservando uma casa de festas para comemorar o aniversário de outra mulher."Luna apertou as mãos, e só conseguia pensar na cena de Sérgio organizando aquele espetáculo para outra mulher.Ela acreditava que ele estava ocupado.Mesmo na morte da própria mãe, Luna aguentou tudo sozinha, sem querer incomodá-lo.Sete dias. Ele não teve tempo para atender uma ligação, nem para acender uma vela para a sogra, mas teve tempo de sobra para celebrar e soltar fogos para outra mulher.Que absurdo.A mulher do vídeo era o primeiro amor de Sérgio, a quem ele sempre amou.E Luna era apenas a esposa que Hélio Franco, por gratidão ao pai de Luna, obrigou o filho a aceitar, para dar à jovem uma família e proteção.Durante esses três anos, Luna sabia que não era amada. Por isso, jamais ousou incomodar Sérgio com seus problemas, nem pedir nada.Sérgio era frio, um homem incapaz de gestos românticos, alguém cuja vida se resumia ao trabalho — nunca celebrava datas especiais.Só naquele dia Luna percebeu que Sérgio não era incapaz de ser romântico; ele só não queria ser romântico com ela.Com aquele espetáculo de fogos, Sérgio fez de Luna o maior alvo de chacota.Luna mordeu os lábios, lutando para reprimir a dor, desviou o olhar do celular, querendo parecer menos ridícula.Ainda precisava cuidar do funeral da mãe, não podia fraquejar.Forçando-se, Luna se abaixou para pegar o quadro da mãe e, ignorando os olhares de deboche, saiu da sala.Luna ainda se lembrava que, antes de morrer, sua mãe queria ver Sérgio mais uma vez.Naquela época, Luna também ligou muitas vezes para ele, sem resposta. Talvez, naquela ocasião, ele também estivesse ao lado de Hana Roma.A mãe dela desejava que ela pudesse ser feliz para sempre ao lado de Sérgio.Mas talvez isso já não fosse possível.Depois de cuidar de tudo sozinha, quando todos os parentes e amigos já tinham comido e ido embora, Luna permaneceu sentada sozinha em uma cadeira do restaurante.Sérgio chegou atrasado. Vestia uma camisa preta, o rosto bonito quase sem expressão. Seu olhar pousou em Luna e, ao ver a cena, por um instante raro, apareceu um traço de culpa em seu semblante geralmente apático.Luna apoiou a mão na barriga e levantou a cabeça para olhá-lo, e aquela mágoa contida transbordou de repente.Luna respirou fundo, engoliu com força aquele sentimento de injustiça e manteve o rosto inexpressivo. "Acabou de terminar tudo?"Sérgio não percebeu a fragilidade na voz dela."Eu tive uma reunião durante o dia.""E ontem à noite? Aproveitou bem o aniversário?"Sérgio franziu o cenho, mas antes que pudesse responder, uma mulher usando um vestido vermelho e com a jaqueta de Sérgio sobre os ombros entrou.O rosto de Luna ficou ainda mais sombrio."Luna, me desculpe. Sérgio passou a noite comigo. Minha mãe ficou doente dias atrás, e Sérgio, preocupado que eu não conseguisse lidar sozinha, veio me ajudar a cuidar dela. Por isso ele não respondeu suas mensagens. A culpa foi toda minha, não deveria ter incomodado o Sérgio."As palavras de Hana fizeram uma amargura ainda maior inundar o coração de Luna."A doença da sua mãe foi grave?""Nada sério, só uma gripe e um pouco de febre. Agora ela já está quase boa."O coração de Luna pareceu ser golpeado com força. Ela se esforçou para controlar as emoções, mas os olhos vermelhos e os lábios trêmulos a traíram.As sobrancelhas de Sérgio se fecharam ainda mais. Ele soube da morte da mãe de Luna enquanto estava em uma reunião. Quando terminou e pensou em ir até ela, Hana teve outro problema e, com tantas coisas acontecendo, Sérgio acabou esquecendo de Luna.De qualquer forma, ele se sentia muito culpado.Sérgio pensou em acender uma vela para a mãe de Luna, mas ela estendeu o braço para impedi-lo. "Não precisa. A mãe dela é mais importante. Vai ficar com ela e com a mãe dela."Sérgio parou por um instante.Luna não queria mais permanecer ali. Levantou-se e foi embora.Ela não chorou. Luna não permitia que lágrimas caíssem por alguém que não valia a pena.Sérgio olhou para Luna, grávida de sete meses, já com dificuldade para caminhar, e sentiu uma pontada de dó.Hana, apenas porque a mãe estava doente, ligou para ele chorando, implorando por ajuda. Quando a mãe de Luna faleceu, ela enfrentou tudo sozinha."Onde você vai? Não devia sair assim, grávida." Sérgio tentou chamá-la.Luna sorriu, amarga.Então ele ainda se lembrava de que ela estava grávida.Deixou a esposa grávida para cuidar da mãe de outra pessoa. Estava claro que ela e o bebê não significavam nada para ele.Uma criança não desejada jamais seria feliz.Luna abaixou os olhos para a própria barriga. Na dor, parecia ter tomado uma decisão. Apressou o passo e entrou direto no elevador.O peito de Sérgio se apertou. Ele correu atrás dela, mas Hana o segurou. "Sérgio, a mãe da Luna acabou de morrer, ela está sofrendo. Talvez seja melhor deixá-la sozinha para se acalmar."Sérgio lançou um olhar sério para Hana, afastou a mão dela com firmeza e disse com voz fria: "Ela está muito abalada, pode acontecer algo ruim. Vá para casa, por favor."Quando saiu, Luna já não estava mais lá.Olhando para a rua movimentada, Sérgio pegou o celular e ligou: "Localizem o celular da Luna. Quero encontrá-la imediatamente."No rosto bonito de Sérgio havia inquietação.Uma hora depois.O assistente ligou para Sérgio. "Senhor, a senhora está agora no hospital.""O que ela foi fazer no hospital?""Para… para abortar. E a senhora também pediu para o advogado preparar o acordo de divórcio. Ela já assinou."Um zumbido soou em seus ouvidos.Nos olhos profundos de Sérgio havia apenas incredulidade.Cinco anos depois.O principal leilão da Inglaterra.O amplo salão estava repleto de personalidades influentes.No palco do leilão, a leiloeira vestia um vestido branco feito sob medida, com os cabelos negros presos e um véu transparente cobrindo o rosto. Seu rosto era impossível de distinguir, mas cada gesto e movimento exalavam uma beleza impressionante.Com um inglês impecável e confiante, ela apresentou com tranquilidade o item exposto, enquanto os convidados disputavam animadamente os lances.Seus olhos límpidos percorreram a plateia; ela segurava o martelo, controlando todo o ambiente.No segundo andar, Sérgio estava sentado, virou-se levemente e lançou um olhar: "A pessoa que o vovô tanto quer ver é ela?"O assistente ao lado lhe entregou um dossiê. "Sim, ela se chama Lana Batista, começou a trabalhar aqui como leiloeira há cinco anos. Em seu primeiro leilão, vendeu uma pintura de paisagem, que começou com um lance de um milhão, por um preço astronômico de sessenta milhões, valorização de sessenta vezes — ficou famosa com um único martelo."Sérgio semicerrrou os olhos. "Ela sempre se apresenta de véu?"O assistente pensou por um instante e respondeu: "Sim. Ouvi dizer que já ofereceram dez milhões para que ela tirasse o véu, e ela recusou. Dizem que ela deve ser tão feia que não quer mostrar o rosto."Sérgio apagou o cigarro com calma, olhando fixamente. "Olhos bonitos."Com olhos tão belos, como poderia ser feia daquele jeito?Além disso, aqueles olhos lhe lembravam alguém.Quem seria?Lembravam Luna.Aquela mulher que, há cinco anos, deixou para trás um acordo de divórcio, abortou seu filho sem dizer uma palavra e partiu — até hoje nunca foi encontrada."Traga-a para me ver."Sérgio se levantou e, após alguns passos, parou."Já faz cinco anos, e ainda não há notícia alguma da Luna?"O assistente ficou visivelmente nervoso.Dizem que ninguém simplesmente desaparece do mundo.Mas a esposa da família parecia ter evaporado. Cinco anos, nenhum sinal.Sérgio massageou as têmporas, irritado. "Continue procurando."Aquela mulher era realmente decidida: divórcio, aborto, bloqueou e apagou todos os seus contatos.Ninguém imaginaria que o orgulhoso presidente do Grupo Franco havia sido abandonado por um simples acordo de divórcio; tampouco saberiam que ele procurava por ela há cinco anos.Sérgio precisava encontrá-la. Precisava perguntar a ela — o que ele teria feito de tão imperdoável para merecer tamanho abandono?Sérgio saiu.O assistente, Nelson Santos, ficou parado, o suor frio escorrendo. Já havia procurado em todos os lugares possíveis, sem notícias.Procurar alguém que estava sumido há cinco anos era como procurar uma agulha no palheiro.Nelson murmurou, resignado: "Dona, onde a senhora está, afinal?"O leilão terminou. Lana curvou-se com elegância e deixou o palco.Cinco anos atrás, Luna veio para a Inglaterra e começou a trabalhar em uma casa de leilões, mudando seu nome para Lana. Para evitar problemas desnecessários, usava sempre o véu durante os leilões.Ao chegar ao escritório—Uma menininha fofa, com bochechas rosadas, correu com passinhos curtos e abraçou a perna de Luna com seus bracinhos gordinhos, chamando alegremente: "Mamãe!"Luna tirou o véu, revelando um rosto delicado e deslumbrante. Ela se abaixou, pegou a filha no colo e beijou sua bochecha macia: "Minnie, esperou muito tempo? E seus irmãos?"A menininha apertou as mãozinhas e ergueu o rostinho: "Hum, os meninos saíram para brincar.""Eles não levaram a Minnie?""Disseram que iam brincar de coisas de menino, que não podem levar a Minnie."Luna ficou em silêncio.Aqueles dois só queriam mesmo deixar Minnie para trás.Na época, desiludida, Luna queria abortar o bebê, mas, ao entrar na sala de cirurgia, seu coração fraquejou na mesma hora. No fim, ela desistiu da ideia.Capítulo 2"Luna, o funeral vai começar já, o Sérgio ainda não apareceu?"Luna Fonseca, vestida de preto, ajoelhava-se diante do altar improvisado para a mãe. A luz das velas iluminava seu rosto pálido e delicado.Ela baixou os olhos para o celular quase sem bateria: o telefone de Sérgio Franco continuava sem resposta.Depois da morte da mãe, Luna, grávida de sete meses, velou o corpo por sete dias. Em três anos de casamento, seu marido não apareceu nem uma vez.Sérgio estava sempre muito ocupado com o trabalho, e Luna sempre compreendeu isso.Ela tentava convencer a si mesma de que Sérgio devia estar atolado de serviço."Ele deve estar ocupado, não vai conseguir vir."As lágrimas ainda marcavam o rosto de Luna. Ela esperou até a última vela se consumir completamente, apoiou-se com dificuldade para levantar seu corpo pesado pela gravidez, e disse com a voz já rouca e entrecortada: "Vamos começar o funeral."Ao lado, sua tia, Teresa Correia, comentou de maneira sarcástica: "Luna, será possível que o Diretor Franco esteja tão ocupado assim? Sete dias e nem deu as caras. Parece que ele realmente não se importa com sua mãe."A prima, Gabriela Fonseca, soltou uma risada irônica. "Mãe, você se enganou. O Diretor Franco não é só indiferente com a tia, ele também não liga para a própria esposa, e olha só, nem para o bebê que ela carrega."As vozes repletas de escárnio soavam cortantes. O peito de Luna se apertava de amargura, mas ela ainda tentava se convencer de que, depois do casamento, Sérgio sempre fora um marido correto. Ele não teria evitado vir de propósito, devia estar mesmo preso ao trabalho.Mas, justo quando tentou se convencer disso, a realidade lhe deu um tapa doloroso.Gabriela olhou para o celular e exclamou surpresa: "Olha só, não é o Diretor Franco? Ele está até nos trending topics!"Gabriela fez questão de mostrar o celular para Luna.Luna baixou os olhos: era um vídeo em alta, publicado naquela manhã, gravado na noite anterior.O título dizia: Grupo Franco — Diretor Franco reserva casa de eventos para celebrar aniversário de sua amada Srta. Hana.No vídeo, sob o céu noturno, fogos de artifício brilhavam e explodiam lindamente. O homem, elegante e imponente, sentava-se em uma cadeira, os olhos profundos fitando a jovem ao lado. Ela apontava para os fogos, sorrindo com um brilho ainda mais intenso do que o espetáculo.Os fogos resplandeciam, mas Luna não conseguia desviar o olhar das costas do homem.Era uma silhueta inconfundível: bastou um olhar para perceber que o homem no vídeo era seu marido, Sérgio.Então, na noite anterior, ele estava celebrando o aniversário de outra mulher, com fogos de artifício?A mente de Luna ficou em branco, todo o corpo paralisado.O som dos fogos, misturado ao deboche de Gabriela, continuava: "Prima, você não disse que o seu marido estava ocupado? Ocupado ele estava mesmo, reservando uma casa de festas para comemorar o aniversário de outra mulher."Luna apertou as mãos, e só conseguia pensar na cena de Sérgio organizando aquele espetáculo para outra mulher.Ela acreditava que ele estava ocupado.Mesmo na morte da própria mãe, Luna aguentou tudo sozinha, sem querer incomodá-lo.Sete dias. Ele não teve tempo para atender uma ligação, nem para acender uma vela para a sogra, mas teve tempo de sobra para celebrar e soltar fogos para outra mulher.Que absurdo.A mulher do vídeo era o primeiro amor de Sérgio, a quem ele sempre amou.E Luna era apenas a esposa que Hélio Franco, por gratidão ao pai de Luna, obrigou o filho a aceitar, para dar à jovem uma família e proteção.Durante esses três anos, Luna sabia que não era amada. Por isso, jamais ousou incomodar Sérgio com seus problemas, nem pedir nada.Sérgio era frio, um homem incapaz de gestos românticos, alguém cuja vida se resumia ao trabalho — nunca celebrava datas especiais.Só naquele dia Luna percebeu que Sérgio não era incapaz de ser romântico; ele só não queria ser romântico com ela.Com aquele espetáculo de fogos, Sérgio fez de Luna o maior alvo de chacota.Luna mordeu os lábios, lutando para reprimir a dor, desviou o olhar do celular, querendo parecer menos ridícula.Ainda precisava cuidar do funeral da mãe, não podia fraquejar.Forçando-se, Luna se abaixou para pegar o quadro da mãe e, ignorando os olhares de deboche, saiu da sala.Luna ainda se lembrava que, antes de morrer, sua mãe queria ver Sérgio mais uma vez.Naquela época, Luna também ligou muitas vezes para ele, sem resposta. Talvez, naquela ocasião, ele também estivesse ao lado de Hana Roma.A mãe dela desejava que ela pudesse ser feliz para sempre ao lado de Sérgio.Mas talvez isso já não fosse possível.Depois de cuidar de tudo sozinha, quando todos os parentes e amigos já tinham comido e ido embora, Luna permaneceu sentada sozinha em uma cadeira do restaurante.Sérgio chegou atrasado. Vestia uma camisa preta, o rosto bonito quase sem expressão. Seu olhar pousou em Luna e, ao ver a cena, por um instante raro, apareceu um traço de culpa em seu semblante geralmente apático.Luna apoiou a mão na barriga e levantou a cabeça para olhá-lo, e aquela mágoa contida transbordou de repente.Luna respirou fundo, engoliu com força aquele sentimento de injustiça e manteve o rosto inexpressivo. "Acabou de terminar tudo?"Sérgio não percebeu a fragilidade na voz dela."Eu tive uma reunião durante o dia.""E ontem à noite? Aproveitou bem o aniversário?"Sérgio franziu o cenho, mas antes que pudesse responder, uma mulher usando um vestido vermelho e com a jaqueta de Sérgio sobre os ombros entrou.O rosto de Luna ficou ainda mais sombrio."Luna, me desculpe. Sérgio passou a noite comigo. Minha mãe ficou doente dias atrás, e Sérgio, preocupado que eu não conseguisse lidar sozinha, veio me ajudar a cuidar dela. Por isso ele não respondeu suas mensagens. A culpa foi toda minha, não deveria ter incomodado o Sérgio."As palavras de Hana fizeram uma amargura ainda maior inundar o coração de Luna."A doença da sua mãe foi grave?""Nada sério, só uma gripe e um pouco de febre. Agora ela já está quase boa."O coração de Luna pareceu ser golpeado com força. Ela se esforçou para controlar as emoções, mas os olhos vermelhos e os lábios trêmulos a traíram.As sobrancelhas de Sérgio se fecharam ainda mais. Ele soube da morte da mãe de Luna enquanto estava em uma reunião. Quando terminou e pensou em ir até ela, Hana teve outro problema e, com tantas coisas acontecendo, Sérgio acabou esquecendo de Luna.De qualquer forma, ele se sentia muito culpado.Sérgio pensou em acender uma vela para a mãe de Luna, mas ela estendeu o braço para impedi-lo. "Não precisa. A mãe dela é mais importante. Vai ficar com ela e com a mãe dela."Sérgio parou por um instante.Luna não queria mais permanecer ali. Levantou-se e foi embora.Ela não chorou. Luna não permitia que lágrimas caíssem por alguém que não valia a pena.Sérgio olhou para Luna, grávida de sete meses, já com dificuldade para caminhar, e sentiu uma pontada de dó.Hana, apenas porque a mãe estava doente, ligou para ele chorando, implorando por ajuda. Quando a mãe de Luna faleceu, ela enfrentou tudo sozinha."Onde você vai? Não devia sair assim, grávida." Sérgio tentou chamá-la.Luna sorriu, amarga.Então ele ainda se lembrava de que ela estava grávida.Deixou a esposa grávida para cuidar da mãe de outra pessoa. Estava claro que ela e o bebê não significavam nada para ele.Uma criança não desejada jamais seria feliz.Luna abaixou os olhos para a própria barriga. Na dor, parecia ter tomado uma decisão. Apressou o passo e entrou direto no elevador.O peito de Sérgio se apertou. Ele correu atrás dela, mas Hana o segurou. "Sérgio, a mãe da Luna acabou de morrer, ela está sofrendo. Talvez seja melhor deixá-la sozinha para se acalmar."Sérgio lançou um olhar sério para Hana, afastou a mão dela com firmeza e disse com voz fria: "Ela está muito abalada, pode acontecer algo ruim. Vá para casa, por favor."Quando saiu, Luna já não estava mais lá.Olhando para a rua movimentada, Sérgio pegou o celular e ligou: "Localizem o celular da Luna. Quero encontrá-la imediatamente."No rosto bonito de Sérgio havia inquietação.Uma hora depois.O assistente ligou para Sérgio. "Senhor, a senhora está agora no hospital.""O que ela foi fazer no hospital?""Para… para abortar. E a senhora também pediu para o advogado preparar o acordo de divórcio. Ela já assinou."Um zumbido soou em seus ouvidos.Nos olhos profundos de Sérgio havia apenas incredulidade.Cinco anos depois.O principal leilão da Inglaterra.O amplo salão estava repleto de personalidades influentes.No palco do leilão, a leiloeira vestia um vestido branco feito sob medida, com os cabelos negros presos e um véu transparente cobrindo o rosto. Seu rosto era impossível de distinguir, mas cada gesto e movimento exalavam uma beleza impressionante.Com um inglês impecável e confiante, ela apresentou com tranquilidade o item exposto, enquanto os convidados disputavam animadamente os lances.Seus olhos límpidos percorreram a plateia; ela segurava o martelo, controlando todo o ambiente.No segundo andar, Sérgio estava sentado, virou-se levemente e lançou um olhar: "A pessoa que o vovô tanto quer ver é ela?"O assistente ao lado lhe entregou um dossiê. "Sim, ela se chama Lana Batista, começou a trabalhar aqui como leiloeira há cinco anos. Em seu primeiro leilão, vendeu uma pintura de paisagem, que começou com um lance de um milhão, por um preço astronômico de sessenta milhões, valorização de sessenta vezes — ficou famosa com um único martelo."Sérgio semicerrrou os olhos. "Ela sempre se apresenta de véu?"O assistente pensou por um instante e respondeu: "Sim. Ouvi dizer que já ofereceram dez milhões para que ela tirasse o véu, e ela recusou. Dizem que ela deve ser tão feia que não quer mostrar o rosto."Sérgio apagou o cigarro com calma, olhando fixamente. "Olhos bonitos."Com olhos tão belos, como poderia ser feia daquele jeito?Além disso, aqueles olhos lhe lembravam alguém.Quem seria?Lembravam Luna.Aquela mulher que, há cinco anos, deixou para trás um acordo de divórcio, abortou seu filho sem dizer uma palavra e partiu — até hoje nunca foi encontrada."Traga-a para me ver."Sérgio se levantou e, após alguns passos, parou."Já faz cinco anos, e ainda não há notícia alguma da Luna?"O assistente ficou visivelmente nervoso.Dizem que ninguém simplesmente desaparece do mundo.Mas a esposa da família parecia ter evaporado. Cinco anos, nenhum sinal.Sérgio massageou as têmporas, irritado. "Continue procurando."Aquela mulher era realmente decidida: divórcio, aborto, bloqueou e apagou todos os seus contatos.Ninguém imaginaria que o orgulhoso presidente do Grupo Franco havia sido abandonado por um simples acordo de divórcio; tampouco saberiam que ele procurava por ela há cinco anos.Sérgio precisava encontrá-la. Precisava perguntar a ela — o que ele teria feito de tão imperdoável para merecer tamanho abandono?Sérgio saiu.O assistente, Nelson Santos, ficou parado, o suor frio escorrendo. Já havia procurado em todos os lugares possíveis, sem notícias.Procurar alguém que estava sumido há cinco anos era como procurar uma agulha no palheiro.Nelson murmurou, resignado: "Dona, onde a senhora está, afinal?"O leilão terminou. Lana curvou-se com elegância e deixou o palco.Cinco anos atrás, Luna veio para a Inglaterra e começou a trabalhar em uma casa de leilões, mudando seu nome para Lana. Para evitar problemas desnecessários, usava sempre o véu durante os leilões.Ao chegar ao escritório—Uma menininha fofa, com bochechas rosadas, correu com passinhos curtos e abraçou a perna de Luna com seus bracinhos gordinhos, chamando alegremente: "Mamãe!"Luna tirou o véu, revelando um rosto delicado e deslumbrante. Ela se abaixou, pegou a filha no colo e beijou sua bochecha macia: "Minnie, esperou muito tempo? E seus irmãos?"A menininha apertou as mãozinhas e ergueu o rostinho: "Hum, os meninos saíram para brincar.""Eles não levaram a Minnie?""Disseram que iam brincar de coisas de menino, que não podem levar a Minnie."Luna ficou em silêncio.Aqueles dois só queriam mesmo deixar Minnie para trás.Na época, desiludida, Luna queria abortar o bebê, mas, ao entrar na sala de cirurgia, seu coração fraquejou na mesma hora. No fim, ela desistiu da ideia.Capítulo 3"Luna, o funeral vai começar já, o Sérgio ainda não apareceu?"Luna Fonseca, vestida de preto, ajoelhava-se diante do altar improvisado para a mãe. A luz das velas iluminava seu rosto pálido e delicado.Ela baixou os olhos para o celular quase sem bateria: o telefone de Sérgio Franco continuava sem resposta.Depois da morte da mãe, Luna, grávida de sete meses, velou o corpo por sete dias. Em três anos de casamento, seu marido não apareceu nem uma vez.Sérgio estava sempre muito ocupado com o trabalho, e Luna sempre compreendeu isso.Ela tentava convencer a si mesma de que Sérgio devia estar atolado de serviço."Ele deve estar ocupado, não vai conseguir vir."As lágrimas ainda marcavam o rosto de Luna. Ela esperou até a última vela se consumir completamente, apoiou-se com dificuldade para levantar seu corpo pesado pela gravidez, e disse com a voz já rouca e entrecortada: "Vamos começar o funeral."Ao lado, sua tia, Teresa Correia, comentou de maneira sarcástica: "Luna, será possível que o Diretor Franco esteja tão ocupado assim? Sete dias e nem deu as caras. Parece que ele realmente não se importa com sua mãe."A prima, Gabriela Fonseca, soltou uma risada irônica. "Mãe, você se enganou. O Diretor Franco não é só indiferente com a tia, ele também não liga para a própria esposa, e olha só, nem para o bebê que ela carrega."As vozes repletas de escárnio soavam cortantes. O peito de Luna se apertava de amargura, mas ela ainda tentava se convencer de que, depois do casamento, Sérgio sempre fora um marido correto. Ele não teria evitado vir de propósito, devia estar mesmo preso ao trabalho.Mas, justo quando tentou se convencer disso, a realidade lhe deu um tapa doloroso.Gabriela olhou para o celular e exclamou surpresa: "Olha só, não é o Diretor Franco? Ele está até nos trending topics!"Gabriela fez questão de mostrar o celular para Luna.Luna baixou os olhos: era um vídeo em alta, publicado naquela manhã, gravado na noite anterior.O título dizia: Grupo Franco — Diretor Franco reserva casa de eventos para celebrar aniversário de sua amada Srta. Hana.No vídeo, sob o céu noturno, fogos de artifício brilhavam e explodiam lindamente. O homem, elegante e imponente, sentava-se em uma cadeira, os olhos profundos fitando a jovem ao lado. Ela apontava para os fogos, sorrindo com um brilho ainda mais intenso do que o espetáculo.Os fogos resplandeciam, mas Luna não conseguia desviar o olhar das costas do homem.Era uma silhueta inconfundível: bastou um olhar para perceber que o homem no vídeo era seu marido, Sérgio.Então, na noite anterior, ele estava celebrando o aniversário de outra mulher, com fogos de artifício?A mente de Luna ficou em branco, todo o corpo paralisado.O som dos fogos, misturado ao deboche de Gabriela, continuava: "Prima, você não disse que o seu marido estava ocupado? Ocupado ele estava mesmo, reservando uma casa de festas para comemorar o aniversário de outra mulher."Luna apertou as mãos, e só conseguia pensar na cena de Sérgio organizando aquele espetáculo para outra mulher.Ela acreditava que ele estava ocupado.Mesmo na morte da própria mãe, Luna aguentou tudo sozinha, sem querer incomodá-lo.Sete dias. Ele não teve tempo para atender uma ligação, nem para acender uma vela para a sogra, mas teve tempo de sobra para celebrar e soltar fogos para outra mulher.Que absurdo.A mulher do vídeo era o primeiro amor de Sérgio, a quem ele sempre amou.E Luna era apenas a esposa que Hélio Franco, por gratidão ao pai de Luna, obrigou o filho a aceitar, para dar à jovem uma família e proteção.Durante esses três anos, Luna sabia que não era amada. Por isso, jamais ousou incomodar Sérgio com seus problemas, nem pedir nada.Sérgio era frio, um homem incapaz de gestos românticos, alguém cuja vida se resumia ao trabalho — nunca celebrava datas especiais.Só naquele dia Luna percebeu que Sérgio não era incapaz de ser romântico; ele só não queria ser romântico com ela.Com aquele espetáculo de fogos, Sérgio fez de Luna o maior alvo de chacota.Luna mordeu os lábios, lutando para reprimir a dor, desviou o olhar do celular, querendo parecer menos ridícula.Ainda precisava cuidar do funeral da mãe, não podia fraquejar.Forçando-se, Luna se abaixou para pegar o quadro da mãe e, ignorando os olhares de deboche, saiu da sala.Luna ainda se lembrava que, antes de morrer, sua mãe queria ver Sérgio mais uma vez.Naquela época, Luna também ligou muitas vezes para ele, sem resposta. Talvez, naquela ocasião, ele também estivesse ao lado de Hana Roma.A mãe dela desejava que ela pudesse ser feliz para sempre ao lado de Sérgio.Mas talvez isso já não fosse possível.Depois de cuidar de tudo sozinha, quando todos os parentes e amigos já tinham comido e ido embora, Luna permaneceu sentada sozinha em uma cadeira do restaurante.Sérgio chegou atrasado. Vestia uma camisa preta, o rosto bonito quase sem expressão. Seu olhar pousou em Luna e, ao ver a cena, por um instante raro, apareceu um traço de culpa em seu semblante geralmente apático.Luna apoiou a mão na barriga e levantou a cabeça para olhá-lo, e aquela mágoa contida transbordou de repente.Luna respirou fundo, engoliu com força aquele sentimento de injustiça e manteve o rosto inexpressivo. "Acabou de terminar tudo?"Sérgio não percebeu a fragilidade na voz dela."Eu tive uma reunião durante o dia.""E ontem à noite? Aproveitou bem o aniversário?"Sérgio franziu o cenho, mas antes que pudesse responder, uma mulher usando um vestido vermelho e com a jaqueta de Sérgio sobre os ombros entrou.O rosto de Luna ficou ainda mais sombrio."Luna, me desculpe. Sérgio passou a noite comigo. Minha mãe ficou doente dias atrás, e Sérgio, preocupado que eu não conseguisse lidar sozinha, veio me ajudar a cuidar dela. Por isso ele não respondeu suas mensagens. A culpa foi toda minha, não deveria ter incomodado o Sérgio."As palavras de Hana fizeram uma amargura ainda maior inundar o coração de Luna."A doença da sua mãe foi grave?""Nada sério, só uma gripe e um pouco de febre. Agora ela já está quase boa."O coração de Luna pareceu ser golpeado com força. Ela se esforçou para controlar as emoções, mas os olhos vermelhos e os lábios trêmulos a traíram.As sobrancelhas de Sérgio se fecharam ainda mais. Ele soube da morte da mãe de Luna enquanto estava em uma reunião. Quando terminou e pensou em ir até ela, Hana teve outro problema e, com tantas coisas acontecendo, Sérgio acabou esquecendo de Luna.De qualquer forma, ele se sentia muito culpado.Sérgio pensou em acender uma vela para a mãe de Luna, mas ela estendeu o braço para impedi-lo. "Não precisa. A mãe dela é mais importante. Vai ficar com ela e com a mãe dela."Sérgio parou por um instante.Luna não queria mais permanecer ali. Levantou-se e foi embora.Ela não chorou. Luna não permitia que lágrimas caíssem por alguém que não valia a pena.Sérgio olhou para Luna, grávida de sete meses, já com dificuldade para caminhar, e sentiu uma pontada de dó.Hana, apenas porque a mãe estava doente, ligou para ele chorando, implorando por ajuda. Quando a mãe de Luna faleceu, ela enfrentou tudo sozinha."Onde você vai? Não devia sair assim, grávida." Sérgio tentou chamá-la.Luna sorriu, amarga.Então ele ainda se lembrava de que ela estava grávida.Deixou a esposa grávida para cuidar da mãe de outra pessoa. Estava claro que ela e o bebê não significavam nada para ele.Uma criança não desejada jamais seria feliz.Luna abaixou os olhos para a própria barriga. Na dor, parecia ter tomado uma decisão. Apressou o passo e entrou direto no elevador.O peito de Sérgio se apertou. Ele correu atrás dela, mas Hana o segurou. "Sérgio, a mãe da Luna acabou de morrer, ela está sofrendo. Talvez seja melhor deixá-la sozinha para se acalmar."Sérgio lançou um olhar sério para Hana, afastou a mão dela com firmeza e disse com voz fria: "Ela está muito abalada, pode acontecer algo ruim. Vá para casa, por favor."Quando saiu, Luna já não estava mais lá.Olhando para a rua movimentada, Sérgio pegou o celular e ligou: "Localizem o celular da Luna. Quero encontrá-la imediatamente."No rosto bonito de Sérgio havia inquietação.Uma hora depois.O assistente ligou para Sérgio. "Senhor, a senhora está agora no hospital.""O que ela foi fazer no hospital?""Para… para abortar. E a senhora também pediu para o advogado preparar o acordo de divórcio. Ela já assinou."Um zumbido soou em seus ouvidos.Nos olhos profundos de Sérgio havia apenas incredulidade.Cinco anos depois.O principal leilão da Inglaterra.O amplo salão estava repleto de personalidades influentes.No palco do leilão, a leiloeira vestia um vestido branco feito sob medida, com os cabelos negros presos e um véu transparente cobrindo o rosto. Seu rosto era impossível de distinguir, mas cada gesto e movimento exalavam uma beleza impressionante.Com um inglês impecável e confiante, ela apresentou com tranquilidade o item exposto, enquanto os convidados disputavam animadamente os lances.Seus olhos límpidos percorreram a plateia; ela segurava o martelo, controlando todo o ambiente.No segundo andar, Sérgio estava sentado, virou-se levemente e lançou um olhar: "A pessoa que o vovô tanto quer ver é ela?"O assistente ao lado lhe entregou um dossiê. "Sim, ela se chama Lana Batista, começou a trabalhar aqui como leiloeira há cinco anos. Em seu primeiro leilão, vendeu uma pintura de paisagem, que começou com um lance de um milhão, por um preço astronômico de sessenta milhões, valorização de sessenta vezes — ficou famosa com um único martelo."Sérgio semicerrrou os olhos. "Ela sempre se apresenta de véu?"O assistente pensou por um instante e respondeu: "Sim. Ouvi dizer que já ofereceram dez milhões para que ela tirasse o véu, e ela recusou. Dizem que ela deve ser tão feia que não quer mostrar o rosto."Sérgio apagou o cigarro com calma, olhando fixamente. "Olhos bonitos."Com olhos tão belos, como poderia ser feia daquele jeito?Além disso, aqueles olhos lhe lembravam alguém.Quem seria?Lembravam Luna.Aquela mulher que, há cinco anos, deixou para trás um acordo de divórcio, abortou seu filho sem dizer uma palavra e partiu — até hoje nunca foi encontrada."Traga-a para me ver."Sérgio se levantou e, após alguns passos, parou."Já faz cinco anos, e ainda não há notícia alguma da Luna?"O assistente ficou visivelmente nervoso.Dizem que ninguém simplesmente desaparece do mundo.Mas a esposa da família parecia ter evaporado. Cinco anos, nenhum sinal.Sérgio massageou as têmporas, irritado. "Continue procurando."Aquela mulher era realmente decidida: divórcio, aborto, bloqueou e apagou todos os seus contatos.Ninguém imaginaria que o orgulhoso presidente do Grupo Franco havia sido abandonado por um simples acordo de divórcio; tampouco saberiam que ele procurava por ela há cinco anos.Sérgio precisava encontrá-la. Precisava perguntar a ela — o que ele teria feito de tão imperdoável para merecer tamanho abandono?Sérgio saiu.O assistente, Nelson Santos, ficou parado, o suor frio escorrendo. Já havia procurado em todos os lugares possíveis, sem notícias.Procurar alguém que estava sumido há cinco anos era como procurar uma agulha no palheiro.Nelson murmurou, resignado: "Dona, onde a senhora está, afinal?"O leilão terminou. Lana curvou-se com elegância e deixou o palco.Cinco anos atrás, Luna veio para a Inglaterra e começou a trabalhar em uma casa de leilões, mudando seu nome para Lana. Para evitar problemas desnecessários, usava sempre o véu durante os leilões.Ao chegar ao escritório—Uma menininha fofa, com bochechas rosadas, correu com passinhos curtos e abraçou a perna de Luna com seus bracinhos gordinhos, chamando alegremente: "Mamãe!"Luna tirou o véu, revelando um rosto delicado e deslumbrante. Ela se abaixou, pegou a filha no colo e beijou sua bochecha macia: "Minnie, esperou muito tempo? E seus irmãos?"A menininha apertou as mãozinhas e ergueu o rostinho: "Hum, os meninos saíram para brincar.""Eles não levaram a Minnie?""Disseram que iam brincar de coisas de menino, que não podem levar a Minnie."Luna ficou em silêncio.Aqueles dois só queriam mesmo deixar Minnie para trás.Na época, desiludida, Luna queria abortar o bebê, mas, ao entrar na sala de cirurgia, seu coração fraquejou na mesma hora. No fim, ela desistiu da ideia.